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essa semana chegando atrasado, mas chegando…
em dezembro rola o Novas Frequências, um dos festivais mais malucos desse país. evento dedicado à música experimental e às poéticas do som, o Novas Frequências está celebrando 15 anos de trajetória e, mesmo sem patrocínio, chega pela primeira vez a São Paulo! nascido em 2011, o festival carioca apresenta uma programação com 28 atrações, reunindo nomes consagrados e novas vozes da cena contemporânea.
o Novas Frequências é daquele tipo de evento que a gente lê o line-up e pensa “gente, quem são esses artistas?”, mas o bafo é que a curadoria do Chico Dub, o diretor geral e curador do evento, é tão interessante que eu sempre quero descobrir cada uma das maluquices que ele nos apresenta. e o interessante é que eles sempre conseguem reunir tanto nomes interessantíssimos da música mundial e algumas das coisas mais inovadoras e frescas da música brasileira.
o festival rola de 3 a 13 de dezembro, de 3 a 7 no Rio e de 8 a 13 em SP; no site dá pra saber tudo em detalhes, dos artistas aos locais da programação. como falei, eu mesmo uso a programação como espaço de pesquisa e descoberta de novos nomes, mas além de alguns nomes mais reconhecíveis, como Meta Meta, eu separei dois shows que acho interessantes e que eu já conhecia antes do lineup; de resto estou igual a todo mundo, descobrindo cada nomezinho. vamos lá:
Papangu
pra quem é ouvinte do VFSM, ja deve conhecer esse nome. a banda de João Pessoa e talvez um dos nomes mais interessantes que surgiu no metal brasileiros nos últimos muitos anos. progressivo, black metal e stoner rock se unem ao forró, ao maracatu e ao jazz em uma salada improvável e única. eles já estiveram no podcast em 2024 falando com o Cléber sobre o disco “Lampião Rei”, aqui, e lá em 2021 conversando com Cleber e Nik sobre o disco “Holoceno”, aqui.
Test & Deafkids
Test & Deafkids são duas das bandas mais interessantes desse mundinho barulhos esquisitos do Brasil, porém é difícil explicar o som dessas bandas para quem não está por dentro desse submundo, pois elas misturam muitos sons e gêneros. é um som que é preciso ouvir pra se entender; e melhor: ouvir ao vivo. em 2019, lembro como foi transformadora a experiência de ver ao vivo Deafkids ao lado do Rakta, escrevi sobre. de todo modo, ainda nao vi Test & Deafkids juntos; eles estão apresentando esse show em conjunto já há um tempo e a parceria rendeu o disco “Sem Esperanças”; tem texto sobre o show no Scream & Yell, assinado pelo Fabio Machado. enfim, podemos esperar muito barulho desse show!
lançamentos
saiu recentemente “Improviso”, o 26ª álbum de Djavan, trabalho que segue a refinada safra atual do artista, que parece com fôlego renovado. elegante e inteligente, é um disco que reforça a nobreza inventiva de sua poética. vale o play.
ano passado a carioca Natália Lebeis lançou seu disco de estreia “Choque Eletrostático”. apresentamos ele lá no Scream & Yell com um faixa a faixa bem legal, leia aqui. agora Natalia lança uma versão alternativa de seu disco, com novas roupagens para as faixas, em um movimento que reflete muito de sua figura inquieta e criativa. ouça a nova versão aqui.
Rose Gray aproveitou sua passagem pelo Brasil para lançar um remix de “Wet & Wild” com a presença de Duda Beat. ouca aqui. e tem visualizer carioca aqui.
Victin lançou “Projeção Rítmica & Remixes” ao lado de nomes como Ramemes, DANDARONA, Carlos do Complexo e mais. ouça aqui.
fervos & bafos
neste sábado, dia 21/11, tem sessão gratuita do filme “Terror Mandelão”, de Felipe Lalorzza e GG Albuquerque no Cineclube Sol y Sombra, na rua 13 de maio, 180, no Bixiga. já escrevi sobre o filme lá no Scream & Yell.
já nesse domingo tem Deekapz + Caio Prince de graca no Tendal da Lapa, dentro do Circuito Funk, a partir das 18h30.
videolocadora
nessa sessão indico filmes de qualquer época que eu acho interessante e que valem o play
“Elsa & Fred - Um Amor de Paixão”, Marcos Carnevale
“Elsa & Fred” já está fazendo 20 anos de lançamento e segue uma das grandes gracinhas do cinema argentino nos anos 2000. o filme é uma comédia romântica sobre o encontro entre dois idosos, a sonhadora Elsa (China Zorrilla) e o triste e quieto Fred (Manuel Alexandre). apaixonada pela Sylvia Rank, de “La Dolce Vita”, Elsa transforma a vida de Fred e juntos eles passam a descobrir a vida com outros olhos. esse é o tipo de filme que dá um quentinho no coração, daquele tipo que nos abraça, nos traz leveza e nos lembra da lindeza que essa vida pode ser. em 2014, o filme ganhou uma adaptação estadunidense dirigida por Michael Radford e estrelada por Shirley MacLaine e Christopher Plummer, é fofo, é, Shirley é uma diva, mas vejam o original primeiro.
as cantoras lá de casa
sessão onde indico um disco de alguma cantora dessas de outros tempos que vivem no repeat aqui em casa
Karina Buhr, “Eu Menti Pra Você”
Karina Buhr está assinando atualmente apenas como BUHR, e neste domingo (23) ela se apresenta dentro da programação da Bienal de São Paulo, no Festival Bienal no Mangue, a partir das 15h da tarde, mais infos aqui. essa efeméride me fez pensar o quanto o som dela é importante pra mim. gosto de todos os seus discos, mas tenho uma relação especial com sua estreia solo - BUHR tem uma carreira longa desde 1992 e participou de diferentes bandas e projetos, como o Comadre Fulozinha e a Banda Eddie. lembro de ver o clipe de “Nassiria e Najaf” na MTV e me encantar; ouvi o disco e me apaixonei e escrevi sobre ele num blog completamente amador que eu tinha na época (era virada de 2009 pra 2010, eu tava entrando na faculdade de jornalismo, devia ter 16, 17 anos). Karina respondeu esse post de forma extremamente afetiva e isso foi um impulso importante para eu seguir escrevendo sobre música e sobre aquilo que me encantava. enfim, retornando 15 anos depois nesse disco, ele segue extremamente interessante. “Eu Menti Pra Você” tem muito a cara de disco de estreia, com Karina explorando diferentes caminhos e referências, do manguebeat a MPB, do rock ao reggae. ainda sigo amando “Nassiria e Najaf” com sua força e sua coragem, sua verve roqueira e sua letra que é a essência “buhrniana” em toda sua poética e política; “Ciranda do Incentivo” e 100% 2010 em som e letra e ainda segue muito divertida e interessante; “Esperança Cansa” e “Plastico Bolha” seguem deliciosas em seus caminhos estranhos e curiosos; e “Mira Ira” e ainda uma das baladas mais lindas daqueles idos de 2010. enfim, BUHR e extremamente única e ainda acredito que ela merece ser mais ouvida, deem uma chance para esse e depois embarquem em “Longe de Onde”, “Selvática” e assim por diante…
reclames
esta semana no podcast VFSM nós falamos sobre o novo álbum de Rosalía, “Lux” (2025), e o impacto do trabalho em um cenário marcado pela padronização e o uso de inteligências artificiais. ouça aqui.
esta semana no Por Trás Do Disco, do VFSM, eu recebi a cantora Mia Badgyal e o produtor Fuso! para uma conversa sobre o disco “Mucho Sexy”. ouça aqui.
até a proxima,
Renan Guerra










