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novembro é a época de um dos meus momentos preferidos do ano: o Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade, o maior evento cultural LGBT+ da América Latina, que acontece de 12 a 23/11 em diversos espaços culturais da capital paulista. este ano o evento apresenta 142 filmes de 33 países e de 18 estados brasileiros e 1 série Nacional – a maioria inédito em São Paulo – 8 espetáculos teatrais; experiências XR vindas de diversos; artes visuais; literatura; games; conferência, show do Gongo e a grande novidade desta edição, uma Mostra Competitiva de filmes feitos com Inteligência Artificial.
o Mix abriu com o filme “Me Ame com Ternura”, a diretora francesa Anna Cazenave Cambet, que virá ao evento. exibido em Cannes e estrelado pela musa Vicky Krieps. assisti ao filme no evento de lançamento para a imprensa e achei de uma beleza pungente e dolorosa. o filme conta a história de uma mãe que tem a sua maternidade questionada pelo pai após ela revelar que está envolvida em relacionamentos lésbicos. enfim, filme complexo e que funciona como trampolim pra Krieps entregar mais uma de suas grandes atuações.
este ano Marisa Orth é a homenageada com o prêmio Ícone Mix. ela será a primeira pessoa não LGBT+ a ganhar o prêmio, ela faz parte do que seria o S, os simpatizantes lá quando o festival começou*. mas esse prêmio tem um motivo: Marisa é parte indissociável da história do MixBrasil, já que desde 1999 conduz o lendário Show do Gongo, de onde nasceram memes e virais antológicos da nossa cultura queer digital dos anos 2000.
*fun fact: sabia que a sigla GLS está conectada intrinsecamente ao Mix? o termo passou a ser usado em 1994 por Suzy Capó e André Fischer para definir o festival, já que ele facilitava a compreensão do público sobre o universo temático de diversidade sexual do evento. os frequentadores do festival - muitos envolvidos em comunicação e cultura - aderiram à sigla e logo ela se tornou usual na mídia.
C6 Fest 2026
semana passada não teve newsletter, pois estava no meio do furacão C6 Fest. lançamos essa semana oficialmente o nosso line-up para 2026 e estou muito feliz com tudo. The xx, Lykke Li, Magdalena Bay, Amaarae, Wolf Alice e tantas outras coisas bafo do bafo. espero que vocês tenham gostado.
nossas vendas abrem hoje ao meio-dia aqui.
lançamentos
Robyn está de volta! a diva sueco lançou o primeiro single depois de sete anos e “Dopamine” é mais uma pedrada. pop perfection que reforça o fato de que Robyn é e sempre foi um guia de como se fazer pop no mundo moderno. beleza demais! ouça aqui.
nas celebrações dos 30 anos do disco “Da Lata”, Fernanda Abreu lançou agora o single “Garota Sangue Bom” em versão remix da dupla From House To Disco. ficou uma delícia, pista chique demais. ouça aqui.
o produtor cearense Wavezim, que lançou esse ano o excelente disco “Kalor”, e voltou agora com o single também excelente “Aquecimento”. ouça aqui.
“Lux” saiu, o novo álbum da Rosalía. antes dele sair alguns jornalistas resenharam e avaliaram muito bem, tudo certo e coisa e tal, mas ouvindo e reouvindo fiquei pensando como eles conseguiram concluir tantas coisas de forma tão rápida? ouvi o disco muitas vezes antes de enviar essa news, mas mesmo assim ainda não sei o que dizer. não é um disco simples, não é veloz. dialoga com seus primeiros discos, tem ecos de “Los Ángeles (2017) e “El Mal Querer” (2018), mas ainda assim é outra coisa. é erudito e pop, esquisito e acessível, tudo isso enquanto navega por culturas e referências. nesse momento entendo esse como um disco para ser ouvido e reouvido, descoberto… não achei óbvio e fácil, não consigo ler como o clássico instântaneo que alguns jornalistas nomearam… me interessa mais agora mergulhar nesse universo proposto pela Rosalía. vamos juntos? ouça aqui.
encontro de divas: Weyes Blood se uniu a SPELLLING em novo single, “Destiny Arrives”, e está uma lindeza. ouça aqui.
duas musas unidas: Lia de Itamaracá e Daúde irão lançar um disco juntas, via Selo SESC. “Florestania” é o primeiro single, composição assinada por Céu e Russo Passapusso, com produção de Pupillo e Marcus Preto. sério, luxo total, ouçam aqui. as fotos da Ravanelli Mesquita com conceito criado por ela ao lado de Daúde, Marcus Preto e Júlio César é algo completamente absurdo, um desbunde. ansioso demais por esse disco!
a diva teen Tontom lançou mais um single chamado “Olha”, delicinha indie pop meio mpb virada do século. ouça aqui.
Diamanda Galás lançou uma versão remasterizada do clássico “You Must Be Certain of the Devil”, de 1988. a remasterização é assinada por Heba Kadry, que já trabalhou com nomes como Björk, Sade e Slowdive. ouça aqui. este disco é o ato final da trilogia sobre a AIDS “Masque of the Red Death”, que inclui também “The Divine Punishment” (1986) e “Saint of the Pit” (1986). escrevi ano passado sobre esse trabalho e as lutas de Diamanda Galás em texto no Scream & Yell.
fervos & bafos
nesse sábado a revista Brazilian Homo lança sua segunda edição no dia 15 de novembro, das 12h às 18h, no Pilar Estúdio - Rua Santa Isabel, 166, em SP. nesse dia haverá venda de bonés e camisetas novos.
o after da Brazilian Homo rola na festa Kevin, que essa semana tem Vermelho, Delcu, Rafa Maia e mais. ingressos aqui.
A Bruna Lucchesi vai fazer 2 shows bem legais no Sesc 14 Bis, dentro da programação do “Bixiga - Casas e Sons”. neles, ela já tá fazendo uma transição do último álbum dela, Quem Faz Amor Faz Barulho (2023), pro próximo. no dia 14, sexta-feira, às 18h e no dia 22 de novembro, sábado, às 19h, ambos gratuitos, na área de convivência do espaço. saiba mais.
as cantoras lá de casa
sessão onde indico um disco de alguma cantora dessas de outros tempos que vivem no repeat aqui em casa
Robyn, “Robyn”
com o comeback da Robyn, vale lembrar o quanto a artista é importante para a música pop desde os anos 1990. basicamente, no início dos anos 2000 ela se torna uma espécie de fonte trendsetter onde outras artistas e produtores iam dar o seu confere para ver o que fazer na próxima. “Robyn”, de 2005, é um excelente exemplo disso, uma vez que tudo que Robyn cria aqui seguiu sendo usado e explorado no mundo pode até 2010, 2011, por aí - e aí ela lança o “Body Talk”, a outra bíblia pop copiada a exaustão. “Robyn”, o disco, capta muito bem o momento de 2005 e apresente o que Robyn faz de mais rico: pop perfection com canções inteligentes, redondinhas e com letras complexas e potentes. a dobradinha “Cobrastyle” e “Handle Me”, ali no início do álbum já mostra a força do que ela faz aqui. “With Every Heartbeat” e “Who’s The Girl” são outros dois petardos pop de rara sofisticação. de todo modo, nada pra mim é maior aqui do que “Be Mine!”, seguindo o clássico da artista sueco: letra tristíssima e batidas perfeitas de pista. enfim, “Robyn” (2005) é um disco que influenciou som e estética dos anos 2000 e que segue ainda hoje sendo extremamente fresco, moderno e cool.
reclames
nesta edição do podcast VFSM conversam sobre a 4ª edição do C6 Fest, evento que contará com The XX, Robert Plant, Oklou, Lykke Li, Beirut, Magdalena Bay e outras atrações especiais. ouça aqui.
49ª Mostra SP: “Foi Apenas um Acidente”, de Jafar Panahi, é um libelo político sobre liberdade. leia minha resenha completa no Scream & Yell.
até a próxima,
Renan Guerra









