eu sou 100% geração MTV e os videoclipes influenciaram demais na minha formação cultural, por isso acho até curioso que em tempos de excesso de imagens, o videoclipe foi perdendo a sua força. muitos artistas jovens investem pouco nos videoclipes e eles se tornaram espaço meio preguiçoso - e isso tem a ver bastante com um público que parece mais diminuto em seu interesse nesse formato.
acho que o videoclipe ainda segue forte em alguns segmentos pop - e ganha muito em criatividade, por exemplo, no universo do k-pop -, de todo modo, sinto que cada vez menos o videoclipe é visto como esse espaço de experimentação e desenvolvimento de novas ideias. nos anos 1990 e 2000 os clipes eram o cartão de visitas de grandes diretores de cinema, de David Fincher a Tarsem Singh, de Michel Gondry a Spike Jonze - até o divo Derek Jarman explorou esse formato, sabe, bafos!
acho meio retrocesso que num tempo de mil telas a gente tenha bobagens como os visualizers, com suas imagens em looping, ao invés de termos a exploração de outras possibilidades narrativas, sabe? celebro muito os artistas independentes que ainda investem e insistem nos vídeos e acho que isso é uma outra camada criativa que apenas expande suas obras.
enfim, sou mundinho gays vendo videoclipe na sala de casa, então fiquei na cabeça com essa reflexão que não tem muita conclusão…
crianças tv educativa
eu tenho meio pé atrás com conteúdos de nostalgia, pois é um pulo pra cair nuns discursos meio “naquele tempo é que era bom” e mil coisas que eu discordo. de todo modo, essa semana fiquei bem encantado com os conteúdos do Thiago Henrique (@pq_thiago no TikTok). ele fala sobre desenhos animados e faz vídeos fofos relembrando desenhos da tv educativa na virada do século, indo desde de “O Pequeno Urso” e “Pingu” até os desenhos mais obscuros, aqueles que parecem uma memória inventada em nossa cabeça. são vídeos curtinhos que irão reativar as memórias de quem foi criança criada a base de TVE, TV Cultura e Futura.
lançamentos
“Brat”, da Charli XCX, segue sendo o acontecimento desse ano. não ouvi no dia que vazou, então só ouvi agora de forma meio apressada, mas provavelmente será minha companhia neste final de semana. mas de cara já amei a salada que ela fez nos convidados, indo de nomes seminais tipo Jon Hopkins, passando por nomes da geração dela, tipo o A.G. Cook e a Polacheck, nomes inesperados tipo o Julian Casablancas e o Bon Iver, e aí uns nomes novos. enfim, devo ouvir mais, quem sabe semana que vem eu fale mais, vamos ver… ouçam aqui.
saiu o deluxe de “falling or flying”, disco bem chique que a Jorja Smith lançou ano passado. ainda não consegui ouvir todos os remixes, mas dei play no remix do Floating Points para “Little Things”. é super pista, bem na pegada do babilônico disco “Cascade” que ele lançou recentemente.
as inglesas Rachel Chinouriri e Cat Burns se reuniram para o single “Even”, achei um encontro bonito, mas muito curtinho. ouçam aqui.
esse ano se celebram os 80 anos de nascimento de Paulo Leminski e eu confesso que já andava meio exausto de gente fazendo coisas em torno da obra dele, de discos, releituras, homenagens e tudo mais - não que ele não mereça as homenagens, o ponto é que achei muitas delas bem desinteressantes e que não faziam jus a ele. de todo modo, me surpreendi que Vitor Ramil lançou um disco completo musicando os poemas dele. anteriormente Ramil já tinha se debruçado sobre os poemas de Angélica de Freitas em “Avenida Angélica” e eu amei demais. Ramil falou que os poemas de Leminski acabaram se tornando música nas mãos dele de forma meio sem pretensão durante a pandemia e quando ele viu tinha musicado vários, isso sem saber da efeméride dos 80 anos. de todo modo, ele aproveitou isso e transformou esse trabalho no disco “Mantra Concreto”, um projeto com o refinamento de sempre do Vitor e com uma produção que lembra até um pouco das coisas que ele fez ali pela virada do século. enfim, gostei mais do que achei que ia gostar e acabou entrando no repeat aqui. ouçam por aí.
links
a banda catarinense Exclusive Os Cabides em divertida entrevista para Luan Gomes lá no Monkeybuzz. leia aqui.
papo bom de Diego Queijo com Vitor Ramil lá no Scream & Yell.
fervos & bafos
hoje tem show da Bebé com a turnê de seu excelente disco “Salve!” no teatro do Sesc Belenzinho - esse teatro do Belenzinho é luxo e tem um café ótimo ali no foyer, aproveitem. ingressos aqui. quer aquecer pro show? o Cleber gravou um Por trás do disco com ela lá no VFSM, ouça aqui.
nos dias 12 e 13 de outubro tem Ale Sater em sua turnê “Tudo tão certo” pelo cerrado. dia 12/10 tem show na Casamarela, em Goiânia, ingressos aqui. e dia 13/10 tem show no infinu em Brasília, ingressos aqui.
o francês Édouard Louis vem para a Flip e na semana que vem estará também em SP, a convite da Todavia Livros, para um papo com José Henrique Bortoluci. o rolê vai ser na terça-feira, 15/10, às 20h, na livraria Megafauna. o evento é gratuito, mas não achei ainda infos sobre como funcionará a entrada, então vamos ficar de olho nas redes da Todavia. relembrando aqui: lá no Scream & Yell eu já escrevi sobre parte da obra do Édouard, falando sobre os livros "Mudar: Método", "Lutas e metamorfoses de uma mulher" e "Quem matou meu pai".
dias 22 e 23 de outubro rola a estreia do primeiro solo do diretor do Teatro da Pombagira Marcelo D'Avilla. o espetáculo “Via Crucis” será apresentado no palco do Teatro Mars. ingressos aqui.
on-line e em SP: nos dias 24, 25 e 26/10 rola o Festival Pop Plus de Arte e Cultura - um braço da Feira Pop Plus. o evento une arte, cultura e representatividade em uma programação híbrida com talks, oficinas, apresentações e shows. no dia dia 24/10 o evento rola a partir das 18h via YouTube; já nos outros dois dias o evento rola na Biblioteca Mário de Andrade, sendo que no dia 25/10 vai das 14h às 21h, já no dia 26/10 vai das 14h às 18h. a programação está sendo divulgada nas redes do Pop Plus.
a kween Lianne La Havas fará dois shows solo no Brasil. no dia 21 de novembro no Rio e dia 24 de novembro em SP. a venda de ingressos já está rolando.
videolocadora
nessa sessão indico filmes de qualquer época que eu acho interessante e que valem o play
Booksmart, Olivia Wilde
acho meio nada a ver chamar os filmes pelo nome gringo, mas esse eu decorei assim e sempre chamo assim, mas se chama “Fora de Série” no Brasil - nome meio aleatório, rs. enfim, falando desse filme por que acho que as pessoas subvalorizam ele, ainda mais depois que a Olivia dirigiu “Não Se Preocupe, Querida” e o filme não só foi massacrado pela crítica, como virou contenda pelos bastidores. mas enfim, vamos lá: “Booksmart” conta a história de duas amigas que estão finalizando os estudos escolares e percebem que elas só foram comportadas e estudiosas, aí elas decidem extravasar na saideira e o que temos é um filme delicioso que acompanha duas personagens apaixonantes. sério, esse já virou meu comfort movie daqueles para o qual vira e mexe eu volto, pois é muito um filme que eu queria ter visto na adolescência. ele é 100% um filme feito para os outsiders e pra mostrar que a vida escolar não define em nada quem somos. além de uma trilha sonora delícia e um ritmo saboroso, o filme tem atuações no ponto de Kaitlyn Dever e Beanie Feldstein. sério, filme delícia que deve ser visto por todo adulto esquisito e que deve ser recomendado pra todo adolescente que se sente fora da curva esperada.
reclames
essa semana entramos no mood dia das crianças no VFSM, mas apesar das memórias infantis, acabamos gerando um programa não recomendado para os pequenos hahahaha. ouça aqui. nós quatro em versão pitica estamos na capa do episódio, espero que vocês me achem ali.
até a próxima,
Renan Guerra
Sinto muita falta desse contato com videoclipes tambem. Concordo com tudo da newsletter